CONTROLE DE PRAGAS

CONTROLE DE BARATAS

CONTROLE DE ROEDORES

CONTROLE DE CUPINS

DESALOJAMENTO DE POMBOS

CONTROLE DE ESCORPIÕES


 

CONTROLE DE BARATAS

Metodologias de controle

 

Monitoramento

Antes de tomar qualquer medida de controle, o monitoramento de um local é importante para verificar o nível de infestação, o número de espécies existentes, e a localização do foco de infestação. As metodologias aplicadas na averiguação destas informações são efetuadas através de entrevistas com as pessoas residentes, a inspeção visual da localidade, e o uso de armadilhas (compostas por uma substância adesiva atrativa). Com isso, pode ser avaliado qual será a melhor estratégia de controle ou se realmente existe a necessidade para tanto.

Controle químico

Os inseticidas utilizados no controle de baratas como os pós-secos, formulações para pulverizações residuais e aerossóis são eficientes (para infestações pequenas e localizadas) e práticos de serem usados, causando uma morte rápida. Apesar destas características, em geral, esses produtos não se mostram eficientes, devido à má qualidade da aplicação, pelos produtos terem uma formulação e dosagens incorretas, da utilização em momentos inadequados (alta densidade populacional), condições climáticas inadequadas e pela evolução da resistência. Como conseqüências da resistência ocorre uma maior freqüência de aplicações, aumento da dosagem utilizada, substituições por outros produtos (em média, uma classe de inseticidas é perdida a cada 10 anos), aumento da contaminação do meio ambiente, eliminação de organismos benéficos e na elevação dos custos. Como exemplo, somente no EUA os gastos com medidas de controle contra as baratas giram em torno de US$ 1,5 bilhões por ano. Além disso, o preço de lançamento de um produto no mercado elevou-se de US$ 2 milhões em 1950 para US$ 300 milhões em 2000. Além da resistência, vários fatores biecológicos têm contribuído para o sucesso das baratas (no caso de Blattella germanica) no ambiente urbano: ooteca de gestação múltipla (maior que o das outras baratas), alto potencial reprodutivo e as ninfas terem maiores chances de sobrevivência (pelo fato das fêmeas levarem a ooteca durante quase todo o período de desenvolvimento embrionário e pelas ninfas serem menores que os das outras espécies, se esconde em locais inacessíveis).
Como uma nova metodologia, as iscas vêm sendo adotadas nos últimos anos com razoável sucesso, sendo compostas por uma parte atrativa (mel, açúcar ou soja) e outra do principio ativo (propoxur, triclorfom, malatiom, diazinom, clorpirifós ou fipronil). Em breve, outros tipos de princípios ativos serão utilizados, os IGRs (os juvenóides e os inibidores de síntese de quitina), sendo mais eficazes, devido à ausência de toxicidade para os vertebrados e de rápida degradação no meio ambiente. Estas iscas podem ser encontradas em três formatos: granulado (produto contido em pequenos envelopes), porta-isca e gelatinosa. O principal problema com as iscas é que elas geralmente apresentam uma baixa atratividade, pela competição com o alimento existente na residência.

Manejo do ambiente

A utilização de isca por si só não resolverá o problema, se um manejo adequado do ambiente não for efetuado, As baratas, como as demais pragas urbanas, invadem as residências na busca por alimento, água e abrigo. O manejo tem a finalidade de evitar ou dificultar o acesso a esses três fatores, É importante lembrar que somente a remoção dos locais de procriação (caixa de papelão, jornais e revistas antigas, roupas velhas, couro mofado e etc.), não é suficiente para, evitar o aparecimento de baratas em sua casa, que, deve estar principalmente higienizada, evitando o acumulo de lixo e resíduos de alimentos em qualquer parte da casa, uma casa bem higienizada estará livre das baratas.

CONTROLE DE ROEDORES


Os ratos são espécies que apresentam uma excepcional capacidade de adaptação, suportando as mais adversas condições de vida. Existem mais de 2.000 espécies de roedores na natureza, porém, apenas três apresentam relação com o homem. Os ratos são responsáveis por grandes perdas na produção de alimentos, desde a lavoura até a armazenagem, através da destruição direta dos mesmos ou pela contaminação por fezes e urina.
Podem ainda ser responsáveis por danificar máquinas, equipamentos, tubulações, fiações elétricas, etc., causando prejuízo e acidentes. Além do prejuízo econômico, os ratos são responsáveis, ainda, pela transmissão de várias doenças, como leptospirose, peste, tifo murino, salmoneloses, febre da mordedura, triquinelose, etc. Para um controle eficaz dos roedores é necessário identificar corretamente a espécie e conhecer suas características e hábitos.

Principais Espécies de Ratos

Ratazana (Rattus norvegicus)


Também é conhecida como rato de esgoto, gabiru, entre outros. Possui o corpo robusto, orelhas relativamente pequenas, suas fezes são em forma de cápsulas com extremidade rombuda. Habita tocas e galerias no solo próxima de córregos, lixões, interior de edificações. É hábil nadador e escavador. Seu raio de ação é de cerca de 50 metros em volta das tocas, onde deixam trilhas com manchas de gordura, fezes e pêlos. São onívoros mas preferem grãos, carnes e frutas. Apresentam desconfiança à mudança no ambiente, preferindo locais pouco movimentados.


Rato do Telhado (Rattus rattus)



É conhecido como rato preto, de paiol ou de navio. Apresenta corpo esguio e cauda longa, orelhas sem pêlo, grandes e proeminentes. Habita forros, sótãos, paióis, silos, podendo ainda viver em árvores. É comum no interior de domicílios. É hábil escalador e raramente escava tocas. Seu raio de ação é em torno de 60 metros. Por onde costuma passar, deixa manchas de gordura, pêlos e fezes. Prefere como alimentação legumes, frutas e grãos e, como a ratazana, apresenta grande desconfiança a mudanças no ambiente.

Camundongo (Mus musculos)


Conhecido como catita, rato de gaveta, muricha, etc. De corpo pequeno e esguio, apresenta orelhas grandes e proeminentes em relação ao corpo. Habita o interior dos móveis, despensas e armários, é hábil escalador, podendo cavar tocas, seu raio de ação é em torno de 3 a 5 metros. É onívoro, preferindo grãos e sementes.
Diferente das outras duas espécie, o camundongo é extremamente curioso, possuindo hábitos exploratórios.

Controle Integrado de Roedores

O Controle integrado de roedores se baseia no conhecimento da biologia, hábitos comportamentais, habilidades e capacidades físicas de cada espécie e do conhecimento do meio-ambiente onde estão instalados. Dessa forma o controle se baseia em ações sobre o roedor a ser combatido e também sobre o meio que o cerca.
Inspeção: Inspeção da área a ser controlada, com levantamento e anotação da situação encontrada (localização e números de tocas, trilhas, acesso a alimentos, etc). Estas informações são fundamentais para orientar medidas de controle.
Identificação da espécie: A identificação da(s) espécie(s) de roedor a ser controlada é fundamental, pois as diferenças biológicas e de comportamento determinarão as estratégias de controle.
Anti-ratização: São medidas que visam dificultar ou mesmo impedir o acesso, instalação e proliferação de ratos em uma determinada área. Estas medidas consistem basicamente em eliminar as fontes de alimento, abrigo e água para os ratos.
Desratização: São medidas aplicadas para eliminação física dos roedores. Podem ser utilizados métodos mecânicos, biológicos ou químicos. Devido a maior segurança e eficácia, o método de desratização mais usado é o químico. Para que o processo de desratização seja eficiente, deve sempre ser acompanhado das medidas de anti-ratização.
O controle químico de roedores é feito com produtos desenvolvidos especialmente para causar a morte dos ratos, comumente conhecidos como raticidas. Inicialmente os raticidas eram de ação aguda, matando rapidamente o animal, essa situação permitia que os demais ratos da colônia evitassem o consumo do raticida, obtendo-se pouca eficácia. Além desse inconveniente, os raticidas agudos eram extremamente tóxicos e não possuíam antídoto específico, ocorrendo freqüentemente acidentes fatais em animais e humanos, em função disso seu uso foi proibido.
Exemplos de raticidas agudos proibidos: estricnina, arsênico, 1080, 1081, sulfato de tálio e outros. Atualmente os raticidas são de ação crônica, demorando mais de 24 horas para causar a morte dos ratos, com isso não ocorre associação da morte com o produto, continuando o consumo pelos demais ratos da colônia. Apresenta menor toxidade para outros animais e um antídoto específico, a vitamina K1. Os raticidas químicos são apresentados na forma de granulados, blocos parafinados e pó de contato.

CONTROLE DE CUPINS

Métodos de Controle

As principais estratégias de controle de cupins serão apresentadas a seguir. É interessante frisar, neste momento, que os dados apresentados visam apenas orientar o leitor para que possa estar ciente do problema que está enfrentando. O uso de alguns produtos para o controle de cupins é restrito a entidades especializadas e, mesmo produtos de venda livre devem ser manipulados com segurança por profissionais que conheçam o seu ofício. Recomendamos que, após compreendido o tipo de tratamento que será necessário fazer, seja solicitado um orçamento para controle de uma empresa especializada no controle de pragas urbanas. O ponto mais importante na contratação de uma empresa profissional é a certeza de estarem utilizando as ferramentas corretas para fazer o controle, com toda a segurança para os moradores ou frequentadores da estrutura tratada e os termos de garantia de controle.

Os métodos de controle que discutiremos terão como objetivo básico o controle dos dois principais grupos de cupins de importância econômica no Brasil: os cupins de madeira seca e os cupins subterrâneos.

Controle de Cupins de Madeira Seca
Os métodos de controle de cupins de madeira seca consistem basicamente de:

a. Remoção da madeira atacada
b. Fumigação
c. Tratamento da madeira

Remoção da madeira atacada
Remoção da madeira atacada
Quando a infestação é de cupins de madeira seca, a retirada da madeira atacada do ambiente ou sua destruição resolve o problema
Como mencionamos anteriormente, os cupins de madeira seca ficam restritos à peça atacada. No entanto, a remoção da madeira infestada elimina uma fonte contínua de novas infestações de cupins, através das revoadas, como já vimos e deve ser a primeira providência a ser tomada, quando possível.
A madeira que substituirá a anterior deverá ser devidamente tratada, a fim de evitar que novas infestações por cupins ocorram. Caso contrário, a substituição da madeira passa a ser apenas uma medida paliativa de controle.
Fumigação
Fumigação
O tratamento por fumigação envolve o isolamento total do bem a ser tratado. No ilustração ão lado, todo um imóvel está sendo isolado para tratamento com gás.

Nos Estados Unidos, este é o método mais comum para o controle de cupins de madeira seca onde o ataque deste inseto encontra-se disseminado de maneira extensiva na estrutura inspecionada. Trata-se da aplicação de um produto na forma de gás que penetra em todos os pontos da madeira, contaminando os cupins ou outros insetos infestantes da estrutura. Neste tipo de aplicação, a casa é coberta por uma lona plástica impermeável ao gás, sendo o mesmo aplicado apenas por profissionais devidamente treinados.

A grande vantagem do uso do gás é a sua dispersão rápida e uniforme em toda a área a ser tratada, penetrando em todos os vãos estruturais que potencialmente podem estar infestados pela praga. A grande desvantagem é que o uso de gás não deixa residual, ou seja, toda a estrutura tratada fica ainda susceptível à novas infestações externas tão logo o tratamento termine.
No Brasil, o uso de gases para o controle de cupins ainda não é regulamentado, não havendo nenhum produto registrado para este fim. Câmaras com CO2 (gás carbônico) podem ser utilizadas para o controle de cupins de madeira seca em algumas peças específicas.

Tratamento da madeira
Tratamento da madeira
O tratamento de infestações ativas de cupins de madeira seca também é possível através de injeção de produto químico na madeira.

O tratamento direto da madeira infestada é recomendado para infestações mais restritas. Neste caso, um cupinicida é injetado diretamente na madeira, através de furos feitos na mesma, procurando-se atingir as galerias colonizadas pelos insetos.

Após a colocação do cupinicida, os furos na madeira devem ser fechados. Para este tratamento, normalmente são utilizadas soluções com solventes orgânicos (querosene por exemplo) em vez de soluções com água, uma vez que a água na madeira pode criar condições para a proliferação de fungos ou, em alguns casos, danificar a madeira, como no caso de compensados.
Outras alternativas
Dentre outras opções de controle, ainda pouco desenvolvidas na prática, encontra-se o tratamento térmico da madeira. Cupins de madeira seca podem morrer quando as estruturas infestadas são expostas ao calor de 66oC por 1h30min ou por quatro horas em uma câmara à 60oC. Da mesma forma, cupins submetidos ao frio podem morrer, como por exemplo, quando peças atacadas são expostas a uma temperatura de 10oC negativos, por quatro dias.

Uma outra tecnologia alternativa de controle de cupins de madeira seca é o tratamento por descargas elétricas, que permite que a corrente elétrica penetre na madeira e circule pelas galerias e ninhos de cupins de madeira seca, matando esses insetos através de choques elétricos.

Os tratamentos alternativos tem aplicação limitada na prática.

Controle de Cupins Subterrâneos
Como vimos anteriormente, cupins subterrâneos necessitam de umidade para sobreviver e por causa disto colônias são geralmente encontradas no solo. Os operários deixam a colônia em busca de alimentos retornando à colônia para alimentar outras castas (soldados, reprodutores alados, rei e rainha) e em busca de umidade.
A necessidade de umidade é uma característica que pode ser utilizada para ajudar no controle destes insetos. Assim, locais onde pisos de madeira ou outras estruturas de madeira encontram-se em contato constante com o solo úmido são alvo fácil destes cupins. Alterações mecânicas, incluindo eliminação de pontos de contato da madeira com o solo, substituição de madeira ou objetos atacados, remoção de restos de celulose e redução do excesso de umidade na estrutura podem também ajudar no controle de infestações de cupins.

Quatro estratégias básicas devem ser consideradas para se controlar cupins subterrâneos:

a. Alterações mecânicas
b. Tratamento de solo
c. Uso de iscas
d. Tratamento de madeira

Alterações Mecânicas
Chamamos de alterações mecânicas qualquer medida que faça com que a estrutura fique menos susceptível ao ataque de cupins. Estas medidas podem incluir:

a. Alterações estruturais feitas com o objetivo de se evitar o acesso de cupins ao alimento ou à umidade. Neste caso, assumimos que a estrutura já esteja construída, não restando outra alternativa senão corrigir situações que levem à proliferação da população de cupins, como corrigir pontos de umidade, vãos estruturais, etc.
b. Instalação de barreiras mecânicas (como chapas metálicas), para impedir a entrada de cupins.
c. Remoção de entulhos de celulose ou excesso de umidade do ambiente, corrigindo-se problemas de vazamento nas tubulações hidráulicas, paredes com problema de impermeabilização, pontos de acúmulo de água no terreno, etc.

d. Criação de mecanismos que facilitem a inspeção de áreas críticas ou vulneráveis da estrutura. Como por exemplo, construção de portas de acesso a caixões perdidos em edifícios, porões ou telhados de casas.

Tratamento de Solo ou Barreira Química
Tratamento de Solo ou Barreira Química
A seta branca na figura ao lado mostra onde são feitos os furos para o tratamento do solo, para o controle de cupins subterrâneos, de maneira a formar uma barreira química contra a entrada destes insetos. Em cinza é mostrado o piso e em marrom, a parede da estrutura
No caso de cupins de madeira seca, o tratamento direto da madeira atacada, injetando-se uma solução cupinicida nas galerias que formam o ninho do cupim que, é efetivo para o controle da infestação, pois a colônia encontra-se restrita à peça atacada.
Já no caso de cupins subterrâneos, a colônia encontra-se fora do local de ataque. Desta maneira o tratamento da peça atacada não é suficiente para controlar a infestação, pois os cupins simplesmente podem passar a atacar outro local ainda não tratado.
Assim, duas alternativas podem ser adotadas para o controle de cupins subterrâneos: o uso de uma barreira química ao redor da estrutura e o uso de iscas colocadas no solo.
A barreira química nada mais é do que o tratamento do solo imediatamente adjacente à estrutura com o objetivo de evitar com que o cupim encontre frestas de acesso à mesma, havendo necessidade de se tratar tanto o solo abaixo da estrutura (interior) quanto ao solo ao seu redor (exterior), próximos à fundação da estrutura.
As intervenções necessárias para se fazer este tratamento em estruturas envolvem um trabalho intensivo, apresentando muitas vezes necessidade de se furarem pisos e paredes. Desta maneira, as melhores oportunidades para se tratar cupins aparecem durante as reformas de imóveis, quando se tem maior liberdade para realizar as intervenções necessárias. Outra oportunidade a ser considerada é o tratamento do solo durante a construção do imóvel, prevenindo-se assim futuros ataques.
Aplicações no Exterior da Estrutura
Quando o acesso ao solo é fácil, pode se fazer uma valeta para o tratamento do exterior da estrutura. Este método envolve cavar uma valeta ao longo do perímetro externo da fundação e então aplicar a solução cupinicida. O solo é recolocado na valeta a medida em que é colocado o cupinicida, de modo a ser igualmente tratado. A valeta deve ser cavada em um ângulo tal que forme uma cunha contra a fundação. Desta maneira, a solução cupinicida tenderá a se depositar próximo à estrutura e não longe dela. A valeta deve ser cavada tão profundamente o possível para atingir o topo da sapata. Em alguns casos, pode ser interessante que a valeta seja preenchida com um pouco mais de terra tratada de maneira a evitar que aja acúmulo de água próximo ao perímetro externo da estrutura.

Aplicações no Exterior da Estrutura
Exemplo de uma valeta feita com o objetivo de se formar uma barreira química ao redor da estrutura.
O uso de valetas é limitado à fundações com uma profundidade de no máximo 45 centímetros. Fundações mais profundas exigem que se injete o produto no solo para que ele possa penetrar em todo o perfil a ser tratado. Esta técnica envolve a colocação do produto, sob pressão, através da superfície do solo, com um equipamento injetor direcionado ao topo da sapata. Sempre quando possível, a valeta deve ser usada em conjunto com a injeção de solo. A valeta ajuda a evitar que a calda aplicada saia da área tratada. O injetor deve ser inserido cerca de 15 centímetros de distância da estrutura, formando um pequeno ângulo com o solo de modo a se aproximar da fundação. Este procedimento, assim como o ângulo da valeta, assegura que o produto aplicado se mantenha próximo à estrutura da casa. O produto deve ser injetado a intervalos regulares de 30 centímetros no solo, de maneira a formar uma barreira contínua contra os cupins ao redor da estrutura. Como no método da valeta, o solo retirado do local deve ser tratado com a solução cupinicida quando é colocado de volta.
Aplicações no Interior da Estrutura
Para se atingir o outro lado da fundação, é necessário tratar o solo abaixo da estrutura, injetando-se o produto através do piso de cimento, no interior da estrutura. O tratamento de solo no interior da estrutura só é possível com o estabelecimento de furos verticais através do cimento próximos às paredes estruturais.
O tratamento apropriado de estruturas de cimento envolve a aplicação da solução cupinicida em áreas onde os cupins podem entrar na estrutura através do cimento, através de juntas de expansão, falhas no cimento e aberturas através de encanamentos de água ou elétricos.

Aplicações no Interior da Estrutura
Quando um piso de cimento impede o acesso ao solo para o estabalecimento de uma barreira química ao redor, ou dentro de uma estrutura, é necessário furá-lo para a posterior injeção do produto através dos furos.

Nestes casos, as perfurações são usualmente feitas de 30 a 45 centímetros de distância uma das outras, dependendo do tipo de solo e grau de compactação e a cerca de 7 centímetros das paredes estruturais.
O tratamento do interior de construções com estrutura de cimento envolve riscos específicos por causa da presença de encanamentos que podem atravessar o piso, tanto de gás, quanto de água ou até mesmo tubulações elétricas. Estas tubulações podem ser danificadas por ocasião da perfuração do piso para a aplicação do produto.

Por causa dos riscos inerentes ao tratamento, como mencionamos acima, o controle de cupins subterrâneos requer obrigatoriamente a contratação de uma empresa especializada para a realização do serviço. Não obstante, todos os cupinicidas registrados para este fim são de uso profissional, podendo apenas serem manipulados por empresas especializadas.
A necessidade de furos em toda a estrutura é um trabalho intensivo e muitas vezes de difícil orçamentação o que faz com que, muitas vezes, a empresa responsável não o considere como parte do tratamento de cupins subterrâneos. Este procedimento pode levar a um tratamento incompleto e posterior reincidência do ataque de cupins naquela estrutura. Assegurar-se que a empresa fará um tratamento correto da estrutura é imprescindível para o efetivo controle deste cupim, assim como selecionar uma empresa devidamente capacitada para a realização deste serviço.

Iscas
iscas iscas

A tecnologia de iscagem para o controle de cupins subterrâneos já está sendo comercializada nos Estados Unidos da América desde 1995. No Brasil, as iscas o Recruit* II e Recruit AG, que fazem parte do Sistema Sentricon de Eliminação de Colônias de Cupins, encontram-se devidamente registrandas no Ministério da Saúde desde 2001, quando foram lançadas pela Dow AgroSciences. A foto acima ilustra dois componentes do Sistema Sentricon: a isca, à esquerda e a estação de solo, à direita.
O método de iscagem consiste em colocar armadilhas celulósicas ao redor de uma estrutura (casas, edifícios, etc.) de modo que o cupim tenha contato com as mesmas durante a procura de alimentos. Ao ser detectada a presença de cupins nas armadilhas a isca celulósica que se encontra dentro das armadilhas é substituida por uma isca que contém uma substância reguladora de crescimento na qual o cupim passará a se alimentar sem no entanto detectar sua presença. O cupim operário voltará então a colônia e alimentará seus companheiros através da trofalaxia e contaminará assim toda a colônia gradativamente. Este produto irá atuar no crescimento das formas jovens, impedindo a muda e conseqüentemente matando os cupins. A grande vantagem deste método é a completa eliminação da colônia, o que não é conseguido com o tratamento químico convencional podendo ser utilizada junto com outros métodos no controle integrado de cupins subterrâneos.
O uso de iscas para o controle de cupins subterrâneos é comum nos Estados Unidos, onde foram lançadas há mais de 5 anos. No Brasil, as iscas Recruit II e Recruit AG, da Dow AgroSciences, que fazem parte do Sistema Sentricon de Eliminação de Colônias de Cupins, foram lançadas em 2001. Através deste sistema, os cupins operários se alimentam em um material celulósico que contém o ingrediente ativo e, sem perceberem, distribuem o produto por toda a colônia ao alimentarem outros indivíduos, sendo totalmente eliminados sem a necessidade de quebra de paredes, furação no piso e outras intervenções comuns ao tratamento convencional. É importante frisar que o Sistema Sentricon* é o único sistema de eliminação de colônias de cupins que dispensa o tratamento convencional. Existem no mercado outras iscas para cupins que tem que ser utilizadas em conjunto com o tratamento convencional, sendo importante o consumidor distinguir o Sistema Sentricon* e outros produtos.
Tratamento de Madeira
O tratamento das madeiras infestadas, conforme mencionamos acima, é apenas de carácter paliativo quando se trata de cupins subterrâneos. Deve-se ter em mente que o tratamento da madeira já colocada na estrutura é sempre limitado, deixando-se sempre pontos sem tratamento que poderão ser infestados pelo cupim posteriormente.
No caso de cupins subterrâneos, o uso de madeiras já tratadas durante a construção ou reforma de uma determinada estrutura, seja ela para fins residenciais ou comerciais, deve ser priorizado como uma estratégia de prevenção dos ataques futuros. Isto não impedirá o cupim de entrar na estrutura, como já vimos. Mas com certeza diminuirá os danos que ele possa causar, evitando com que consuma a madeira tratada.

CONTROLE DE POMBOS


POMBOS URBANOS: O DESAFIO DO CONTROLE

A problemática da urbanização desordenada das cidades, associada à falta de políticas de controle ambiental urbano, rural e silvestre eficientes, vem criando nos últimos anos, dificuldades e desafios na relação homem/ambiente.
Os pombos são aves classificadas no gênero Columba que conta com mais de 50 espécies distribuídas
no mundo todo, apresentando ampla variação de cor de plumagem, tamanho e hábitos.
O pombo doméstico Columbia lívia é o mais conhecido por sua proximidade no convívio com o homem, especialmente em ambiente urbano. Originou-se por cruzamento seletivo da espécie selvagem, conhecida como “pombo das rochas”.
Existem relatos da domesticação dos pombos desde a Idade do Bronze, no Oriente Médio e Egito antigo.
Foram trazidos ao Brasil pela família real portuguesa e rapidamente aqui se adaptaram. Muitas dificuldades vêm surgindo com a intensa proliferação de animais sinantrópicos em áreas urbanizadas, fundamentalmente, pelo desconhecimento e desordenação do homem ao ocupar novos espaços para lazer, moradia e trabalho, desafiando nossa capacidade de apresentar soluções a tempo de conter o avanço das diferentes espécies.
Na área urbana estes animais se adaptaram rapidamente a qualquer estrutura arquitetônica, mesmo
em superfícies reclinadas, que muitas vezes lembram estruturas do habitat selvagem. Alimentam-se principalmente de grãos e sementes colhidos em áreas abertas. Acredita-se que a expansão da atividade agrícola tenha contribuído para a expansão do habitat destas aves. Muitas das deficiências no transporte e armazenagem dos grãos, no trato das diversas culturas e na destinação de resíduos das culturas foram fatores de grande contribuição para iniciar e fortalecer o vínculo entre o pombo e o homem.
Devido a este estreito contato os pombos tem sido introduzidos, em novas áreas pelo homem ou em conseqüência da atividade humana. É bastante interessante o relato da extinção de uma população bastante numerosa de pombos de uma ilha inglesa, subseqüente ao despovoamento humano na ilha. O ciclo reprodutivo dos pombos é regulado pela disponibilidade de alimento. Em centros urbanos, é observada a reprodução destas aves durante o ano todo, exceto na época de muda das penas, antes do
inverno.
Os pombos são monogâmicos. Normalmente a fêmea coloca 2 ovos que demoram de 17 a 18 dias para chocar, fazendo 2 a 3 oviposições ao ano. O filhote é alimentado com uma secreção do papo sendo sua composição muito parecida com o leite, por isso é chamado "leite de papo". Os filhotes podem voar em 3 ou 4 semanas.
Entretanto quando recebem alimentação em abundância podem aumentar sua capacidade reprodutiva para várias posturas ao ano. Esta capacidade reprodutiva em ambiente urbano é um dos principais fatores para a grande proliferação dos pombos na maioria das cidades.
Em muitas localidades pela desordenada ocupação e crescimento populacional humano a expansão dos pombos também se tornou explosiva.
A problemática do controle Os pombos observados em áreas urbanas são derivados dos pombos domésticos que fugiram, perderam-se ou foram abandonados por seus donos, voltando à vida livre.
Estes "pombos de rua" se adaptaram prontamente a este tipo de ambiente por três razões básicas para
sua sobrevivência:
Oferta abundante de abrigo
A arquitetura urbana de edifícios, monumentos e obras de engenharia e arquitetura, oferecem uma quantidade enorme de vãos, frestas e espaços que servem adequadamente para o pouso, abrigo e formação de ninhos, protegendo os pombos das intempéries, mesmo em locais onde a falta de verde é significativa.
Ausência de predadores
A ausência ou pequena existência de aves de rapina, predador natural das pombas em ambientes naturais, para o controle de aves doentes e fracas.
Grande quantidade de alimentos disponíveis
Estas aves são pouco seletivas em sua alimentação e em meios urbanos as fontes de alimentação artificial são muito amplas e diversificadas, quer seja pela desordenação na destinação de resíduos provenientes de atividades humanas em todos os níveis, individuais ou coletivos, quer pela alimentação oferecida por pessoas na comunidade de forma eventual ou permanente. Sem que se processe de forma adequada a eliminação das fontes de abrigo, água e alimentação destas aves, não teremos sucesso na sua eliminação de áreas alvo para o controle.
Em trabalhos realizados no Brasil e em outros países, já foi demonstrado que apenas com a supressão
das fontes de alimentação alternativa a diminuição de aves é significativa em um curto espaço de tempo.
Isto se explica pela maior disputa de fontes naturais como sementes, pequenos insetos e grãos, por aves melhores adaptadas e ágeis eliminando exemplares mais frágeis e doentes de um grupo, podendo
aqui estar agindo um dos princípios da seleção natural da espécie.
Entretanto, quando há fontes alternativas de alimentação em grande quantidade, muitas aves doentes e fracas que permanecem vivas, ocorre uma superalimentação das aves mais saudáveis, ocorre então estímulo das glândulas reprodutivas, levando a um aumento na oviposição das fêmeas do grupo e assim teremos uma superpopulação de aves em pouco tempo. Existem relatos de pombos em áreas urbanas cujo raio de ação não excede 500 m.
Desenvolvimento de atividades de controle
O desenvolvimento de atividades de controle de fauna sinantrópica nos serviços de controle de zoonoses vem atender ao disposto na constituição federal no capítulo relativo a saúde, as leis orgânicas estaduais e municipais nos capítulos relativos a promoção e prevenção à saúde e a legislações especificas quanto à vigilância a saúde ou do controle das zoonoses, como o código sanitário estadual e municipal.
Podem ainda existir em cada localidade ou região legislações especificas ou normas e procedimentos
que componham este rol de legislações que devem estar sendo seguidas pelos serviços.
Vale lembrar que muitas das atividades que devem ser desenvolvidas necessitam ser discutidas em parcerias com outros serviços, como agricultura e meio ambiente, seja para que leis destes serviços sejam conhecidas e compreendidas, seja para que de fato a aplicabilidade destas sejam efetivas e seus resultados eficientes e duradouros.
Muitas vezes somos questionados sobre a classificação do pombo como animal de fauna brasileira, que por ser ave de origem européia poderia sofrer formas mais agressivas de controle como simplesmente a eliminação de indivíduos.
Entretanto é importante lembrar que de acordo com a portaria do IBAMA 29 de 24/3/94, o pombo é classificado como compondo a fauna brasileira e portanto, passível de "abrigo legal" pela lei federal 9.605 de 1999, a lei de crimes ambientais.
Para os profissionais que tem entre suas atividades diárias o controle de pombos como objeto de trabalho vale o alerta de que além do conhecimento técnico específico, o conhecimento dos princípios legais para o desenvolvimento da atividade é fundamental. Não devemos também esquecer que a definição de competências na aplicabilidade de leis e ações de controle é fundamental
As empresas particulares
As empresas particulares de controle de "pragas" são regidas em sua instalação e funcionamento por legislações especificas previstas em legislações estaduais e municipais, dependendo das atribuições e ações que vierem a desenvolver. Os códigos sanitários em geral utilizados pelos serviços de vigilância sanitária dos municípios e as legislações do comércio normatizam o desenvolvimento das ações das empresas.
A responsabilidade técnica na ação de controle
A boa formação acadêmica muitas vezes se mostra insuficiente, quando necessitamos atuar no controle da população de columbiformes.
É imprescindível que atualizemos nosso conhecimento através de pesquisa a trabalhos de outras localidades, mesmo os mais simples, pois podemos através das informações prévias planejar cada etapa de ação de forma mais racional e adequada.
A responsabilidade técnica dos profissionais no desenvolvimento dos serviços deve ser observada por
áreas de conhecimento, buscando-se sempre a presença de uma equipe multidisciplinar que trabalhe de forma integrada e complementar no desenvolvimento das ações de controle a que se destine a empresa ou órgão público a que está vinculado.
É importante lembrar que a responsabilidade técnica tem sido valorizada pelos diversos conselhos de classe dos profissionais das diversas áreas de atuação que podem e devem atuar no controle dos animais e insetos daninhos, sinantrópicos ou incômodos, que podem levar ao surgimento de diversos
agravos ou a diversas enfermidades, as chamadas zoonoses.
Os principais riscos á saúde
Muitas vezes nos deparamos com cenas bucólicas de pessoas que diária ou eventualmente alimentam
os pombos em toda e qualquer localidade. Muitas delas quer pela solidão ou pela falta do acolhimento familiar, encontram aí uma utilidade altamente questionável do ponto de vista sanitário.
Quando existe uma grande concentração de pombos em determinada área além do problema estático e da sujidade no local, encontramos aí um problema de saúde pública. O acúmulo de fezes de pombos em edifícios públicos, monumentos prédios e moradias é muitas vezes tão grande que a tarefa de limpeza se torna não só dispendiosa, mas de risco para quem a executará, caso cuidados básicos não sejam adotados tanto no ambiente tanto quanto com o trabalhador.
Muitos são os problemas encontrados pelo acúmulo de fezes, penas e restos de ninhos, que levam a entupimentos de sistema de drenagem de águas de chuva, comprometimento no funcionamento de equipamentos diversos e riscos de contaminações diversos em fontes de água e alimentos.
O mais grave é a grande quantidade de microorganismos patogênicos e parasitas veiculados
por estas aves, especialmente em seus excrementos.
As principais doenças e peritos relacionados aos pombos são:
Parasitas
Piolhos de pombos, ácaros, percevejos e carrapatos.
Estes artrópodes infestam tanto as aves como seus ninhos, abrigos e em locais com grande concentração destas aves podem infestar casas e apartamentos próximos, levando seus moradores a problemas respiratórios e alérgicos como rinite, asma e também carregando consigo uma enorme quantidade de microorganismos que se desenvolvem no habitat destas aves.
Psitacose
Doença causada pela Chamydiae psittaci. O pombo infectado apresenta o parasita o microorganismo no sangue, fezes e penas. A transmissão para o homem ocorre quando esse inala partículas em aerosóis ao manipular as fezes secas contaminadas por longos períodos ou pela manipulação das aves.Ocorre inicialmente infecção pulmonar que se dissemina para o baço e fígado e daí para outras partes do organismo.
Nas aves de vida livre parece não ocorrer a enfermidade sendo a ave apenas vetor do agente. A forma de manifestação pode ser de leve a grave forma que mais se manifesta em idosos que recebem atenção médica tardia.
Salmonelose
Não apenas as aves podem transmitir a salmonelose, doença causada por inúmeras espécies de Salmonella, mas também praticamente todos os grupos de reino animal, inclusive o humano. Por colonizar normalmente no trato gastrointestinal são as fezes as fontes mais comuns de infecção. Normalmente, a disseminação ocorre pela falta de higiene na manipulação dos alimentos, especialmente os de origem animal. Quando são ingeridas colonizam o intestino humano produzem uma endotoxina. A bactéria causadora da febre tifóide a Salmonella tyffi, já foi relatada presente nas fezes de pombo e causa no homem quadro grave e severo. Estudos atuais tem indicado, que a maior fonte de infecção de Salmonella sp. para o homem são as aves domésticas.
Histoplasmose
O Histoplasma capsulatum é o fungo saprófita causador da enfermidade, sendo encontrado no solo, sendo que em locais com grande quantidade de fezes de morcegos e pombos, são altamente favoráveis para colonização deste fungo, levando a casos isolados ou epidêmicos de histoplasmose. A infecção ocorre por inalação especialmente quando da remoção de sujidades, terra ou fezes através de ações mecânicas que dispersam o agente pelo ar. A gravidade da enfermidade vai depender da condição imunológica do paciente.
Criptococose
A levedura Cryptococcus neoformans se caracteriza pelo desenvolvimento em não apenas nas fezes de pombos, mas de aves em geral. Seu ambiente mais favorável para proliferação é em abrigos antigos de fezes de pombos que são protegidos. A infecção também ocorre pela inalação de aerosóis que são liberados quando da manipulação inadequada das fezes.
Este agente permanece por longo período quiescente no pulmão, só apresentando os pacientes sintomas quando este tem queda da imunidade importante, como no caso de pacientes imunodeprimidos como na aids, doentes com câncer ou pacientes submetidos a terapias crônicas com corticosteróides.
Toxoplasmose
A infecção é muito comum causada por um protozoário, mas a manifestação clínica é pouco freqüente. Estima-se que cerca de um terço ou mais da população mundial possui anticorpo para o parasita.
O coccídeo Toxoplasma gondii é diferente dos demais, pois seu ciclo se completa apenas no intestino dos felídeos sendo que sua forma infectante é eliminada pelas fezes destes animais, e todos os animais são hospedeiros intermediários do agente. Muitas são as formas como o homem pode se contaminar como através da ingestão de alimentos mal cozidos, especialmente carne suína, verduras mal lavadas e manuseio inadequado de caixas de areia e jardins sem luvas de proteção para as mãos.
Diversas outras zoonoses como shiguelose, listeriose, aspergilose e processos dermatológicos e respiratórios diversos estão relacionados com pombos.
Sempre é fundamental que cuidados básicos sejam adotados na verificação de abrigos de pombos e na adoção de medidas de desalojamento e desinfecção, como uso de máscaras de material particulado, luvas e uso de soluções desinfetantes e umectantes para remoção mecânica de sujidades. Cuidados no transporte de excrementos também são de extrema importância para minimizar o risco da dispersão de agentes que podem estar ali presentes.
Medidas de controle
Inúmeras são as ações que poderíamos listar como aplicáveis para auxiliar na solução dos problemas
causados pelos pombos . Para maior facilidade agrupamos as mesmas em categorias:
de baixo impacto:
- inclinação da superfície de pouso;
- uso de estruturas que impeçam ou desestabilizem o pouso;
- emprego de espantalhos;
- emprego de refletores luminosos;
- emprego de aves de rapina;
- equipamentos sonoros de ultra-som;
- tiros de ar comprimido.
de baixo impacto e risco a outrem:
- sonorizadores diversos;
- fogos de artifício;
- gel irritantes de contato;
- cercas eletrificadas;
- armadilhas para captura;
- uso de anticoncepcional ( quimioesterelizante á base de hidrocloro).
medidas proibidas:
- uso de arma de fogo;
- envenenamento;
- captura e soltura em área aleatória.
medidas duráveis:
- vedação de espaços ou vãos;
- uso de abrigos controlados.
medidas complementares:
- destinação de resíduos em geral;
- controle de fontes alternativas de fornecimento
voluntário de alimento;
- controle de ecto parasitos;
- limpeza e desinfecção dos locais de abrigo;
- educação, orientação e esclarecimento da população.
Princípios para o controle
Para que de forma efetiva e mais duradoura possamos implantar ações de controle populacional é imprescindível que se realizem vistorias zoosanitárias ao local, identificando todos os pontos que contribuem para a situação em questão. Devemos lembrar que não apenas a área problema deve ser verificada e analisada, mas o entorno do foco pode fornecer muitas informações importantes para definição das medidas mais adequadas a cada caso. Colher informações da população do entorno, observar as revoadas, locais de abrigo e buscar fontes de alimentação podem exigir várias visitas ao local, em dias e horários diferentes.
Não esquecer que uma abordagem com a comunidade local seja aquela fixa ou eventual é fundamental para o sucesso das ações empregadas. Um programa de educação permanente e esclarecimento das principais dúvidas para esta comunidade podem ter papel essencial no resultado esperado.
Vale ainda ressaltar que não apenas planos para minimizar riscos já existentes devem ser buscados, mas medidas de prevenção devem ser adotadas, ampliando a discussão nos diversos setores de controle social que fazem parte do nosso dia a dia quer como cidadão quer seja como funcionário público ou particular.

CONTROLE DE ESCORPIÕES

Controle de Escorpiões

1.1 O que é um escorpião?

 

O escorpião é um artrópode quelicerado, pertencente ao Filo Arthropoda (arthro: articuladas/podos: pés), classe Arachnida (por terem oito pernas) e ordem Scorpiones. A denominação escorpião é derivada do latim scorpio/scorpionis. Em certas regiões do Brasil, também é chamado de lacrau.
A fauna escorpiônica brasileira é representada por cinco famílias: Bothriuridae, Chactidae, Liochelidae
e Buthidae. Esta última representa 60% do total, incluindo as espécies de interesse em saúde pública.
1.1.1 Morfologia e anatomia
O corpo do escorpião é dividido em:
▶ Carapaça (prossoma), onde estão inseridos um par de quelíceras (utilizadas para triturar alimento),
um par de pedipalpos (pinças ou mãos) e quatro pares de pernas;
▶ Abdômen (opistossoma), formado por:
• tronco (mesossoma) onde, na face ventral, se encontram o opérculo genital e os apêndices sensoriais em forma de pentes que permitem a captação de estímulos mecânicos e químicos do meio, além de espiráculos que são aberturas externas dos pulmões;
• cauda (metassoma) que possui na extremidade um artículo chamado telson que termina em um ferrão usado para inocular sua peçonha; o telson contém um par de glândulas produtoras de veneno que desembocam em dois orifícios situados de cada lado da ponta do ferrão.
1.1.2 Reprodução
Os escorpiões são animais vivíparos. O período de gestação é variado mas, em geral, dura três meses para o gênero Tityus. Durante o parto, a fêmea eleva o corpo e faz um “cesto” com as pernas dianteiras, apoiando-se nas posteriores. Os filhotes recém-nascidos sobem no dorso da mãe através do “cesto” e ali permanecem por alguns dias quando, então, realizam a primeira troca de pele. Passados mais alguns dias, abandonam o dorso da mãe e passam a ter vida independente. O período entre o nascimento e a dispersão dos filhotes varia bastante. Para Tityus bahiensis e Tityus serrulatus é de aproximadamente dias. Os escorpiões trocam de pele periodicamente, em um processo denominado ecdise; a pele antiga é a exúvia. Passam por um número limitado de mudas até a maturidade sexual, quando então param de crescer.
A espécie T. serrulatus (escorpião amarelo) reproduz-se por partenogênese. Assim, só existem fêmeas e todo indivíduo adulto pode parir sem a necessidade de acasalamento. Este fenômeno acilita sua dispersão; por causa da adaptação a qualquer ambiente, uma vez transportado de um local a outro (introdução passiva), instala-se e prolifera com muita rapidez.
Além disso, a introdução de T. serrulatus em um ambiente pode levar ao desaparecimento de outras espécies de escorpiões devido à competição.
1.1.3 História natural
A origem dos escorpiões remonta a mais de 400 milhões de anos. A notória capacidade evolutiva e adaptativa permitiu que esses animais resistissem a todos os grandes cataclismos. Para sobreviver por
milênios, os escorpiões se adaptaram aos mais variados tipos de habitat, dos desertos às florestas tropicais e do nível do mar a altitudes de até 4.400 metros. Entretanto, a maioria das espécies tem preferência por climas tropicais e subtropicais.
Atualmente, os escorpiões possuem exigências específicas tanto em relação ao habitat e micro-habitat
que ocupam, quanto em relação às condições do meio ambiente. Dessa maneira, a maioria das espécies apresenta padrões ecológicos e biogeográficos previsíveis e localizados. Porém, existem exceções, em particular, na família Buthidae, em que existem espécies dentro dos gêneros Tityus, Centruroides e Isometrus, que apresentam alta capacidade de adaptação, acarretando padrões irregulares de distribuição geográfica. Por isso, podem ser encontrados em ambientes modificados pelo homem, principalmente em áreas urbanas.
Todos os escorpiões atuais são terrestres. Podem ser encontrados nos mais variados ambientes, em esconderijos junto às habitações humanas, construções e sob os dormentes das linhas dos trens. Procuram locais escuros para se esconder. O hábito noturno é registrado para a maioria das espécies. São mais ativos durante os meses mais quentes do ano (em particular no período das chuvas). Devido às alterações climáticas do globo, em algumas regiões, estes animais têm se apresentado ativos durante o ano todo. São carnívoros, alimentam-se principalmente de insetos e aranhas, tornando-os um grupo de eficientes predadores de um grande número de outros pequenos animais, às vezes nocivos ao homem.
Entre os seus predadores estão camundongos, quatis, macacos, sapos, lagartos, corujas, seriemas, galinhas, algumas aranhas, formigas, lacraias e os próprios escorpiões.
1.2 Quais as espécies de importância em saúde e onde são encontradas?
Das 1.600 espécies conhecidas no mundo, apenas cerca de 25 são consideradas de interesse em saúde.
No Brasil, onde existem cerca de 160 espécies de escorpiões, as responsáveis pelos acidentes graves pertencem ao gênero Tityus que tem como característica, entre outras, a presença de um espinho sob o ferrão. As principais espécies capazes de causar acidentes graves são:
1.2.1 Tityus serrulatus
Conhecido como escorpião amarelo (figuras 2, 3 e 4), é a principal espécie que causa acidentes graves, com registro de óbitos, principalmente em crianças.
▶ Principais características: possui as pernas e cauda amarelo-clara, e o tronco escuro. A denominação da espécie é devida à presença de uma serrilha nos 3º e 4º anéis da cauda. Mede até 7 cm de comprimento. Sua reprodução é partenogenética, na qual cada mãe tem aproximadamente dois partos com, em média, 20 filhotes cada, por ano, chegando a 160 filhotes durante a vida.
▶ Distribuição geográfica: antes restrita a Minas Gerais, devido à sua boa adaptação a ambientes urbanos e sua rápida e grande proliferação, hoje tem sua distribuição ampliada para Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Pernambuco, Sergipe, Piauí, Rio Grande do Norte, Goiás, Distrito Federal e, mais recentemente, alguns registros foram relatados para Santa Catarina.
Figura 2. Tityus serrulatus
Figura 3. T. serrulatus fêmea com filhotes no dorso
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Figura 4. T. serrulatus filhotes no dorso da fêmea
1.2.2 Tityus bahiensis
Conhecido por escorpião marrom ou preto.
▶ Principais características: tem o tronco escuro, pernas e palpos com manchas escuras e cauda marrom-avermelhado. Não possui serrilha na cauda, e o adulto mede cerca de 7 cm. O macho é diferenciado por possuir pedipalpos volumosos com um vão arredondado entre os dedos utilizado para conter a fêmea durante a “dança nupcial” que culmina com a liberação de espermatóforo no solo e a fecundação da fêmea. Cada fêmea tem aproximadamente dois partos com 20 filhotes em média cada, por ano, chegando a 160 filhotes durante a vida.
▶ Distribuição geográfica: é a espécie que causa mais acidentes em São Paulo, sendo encontrado ainda em Minas Gerais, Goiás, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, e Rio Grande do Sul.
Figura 5. Tityus bahiensis
1.2.3 Tityus stigmurus
▶ Principais características: o escorpião amarelo do Nordeste, assemelha-se ao T. serrulatus nos hábitos e na coloração, porém apresenta uma faixa escura longitudinal na parte dorsal do seu mesossoma, seguido de uma mancha triangular no prossoma. Também possui serrilha, porém, menos acentuada, nos 3o e 4º anéis da cauda (figura 6).
▶ Distribuição geográfica: é a espécie que causa mais acidentes no Nordeste, presente em Pernambuco, Bahia, Ceará, Piauí, Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Figura 6. Tityus stigmurus
1.2.4 Tityus paraensis
Conhecido por escorpião preto da Amazônia (figuras 7, 8 e 9).
▶ Principais características: quando adultos, possuem coloração negra, podendo chegar a 9 cm de comprimento, porém quando jovens, sua coloração é bem diferente, com o corpo e apêndices castanhos e totalmente manchados de escuro, podendo ser confundido com outras espécies da Região Amazônica.
Macho (figura 8) e fêmea (figura 7) são bem distintos, sendo que o primeiro apresenta os pedipalpos bastante finos e alongados, assim como o tronco e a cauda em relação à fêmea.
▶ Distribuição geográfica: espécie comum na Região Norte, principalmente no Pará e Amapá. Recentemente
exemplares têm sido encontrados no Mato Grosso.
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Figura 7. Tityus paraensis: fêmea adulta
Figura 8. Tityus paraensis: macho adulto
Figura 9. Tityus paraensis: fêmea com filhotes
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1.3 Outras espécies comuns, de menor relevância
para saúde pública
1.3.1 Gênero Tityus
Também são registrados acidentes causados por outras espécies do gênero Tityus, porém, sua incidência
e gravidade são menores.
Tityus metuendus
▶ Principais características: de 7 a 9 cm de comprimento; colorido vermelho-escuro, quase negro com discretas manchas no troco e pernas; 4o e 5o segmentos da cauda mais espessos com relação aos demais; presença de um espinho sob o ferrão (figura 10).
▶ Distribuição geográfica: Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima.
Figura 10. Tityus metuendus
Tityus silvestris
Espécie comum em toda Região Amazônica e causadora de acidentes sem gravidade, principalmente no Pará.
▶ Principais características: de 2,5 a 4,5 cm de comprimento; colorido geral marrom amarelado com manchas em todo o corpo, pernas e palpos, com exceção do último segmento da cauda e do telson; presença de um espinho sob o ferrão (figura 11).
▶ Distribuição geográfica: Acre, Amapá, Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Tocantins.
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Figura 11. Tityus silvestris
Tityus brazilae
▶ Principais características: de 5 a 7 cm de comprimento; colorido geral amarelo vermelhado, com manchas escuras nas pernas e palpos; tronco com três faixas escuras longitudinais no dorso; o macho possui a cauda e os palpos mais finos e longos que as fêmeas; presença de um espinho sob o ferrão
(figura 12).
▶ Distribuição geográfica: Bahia, Espírito Santo e Sergipe.
Figura 12. Tityus brazilae
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Tityus confluens
▶ Principais características: de 4 a 6 cm de comprimento; colorido geral amarelo escuro; pernas e palpos sem manchas e tronco escuro; muito semelhante ao Tityus serrulatus, porém sem serrilha na cauda; presença de um espinho sob o ferrão (figura 13).
▶ Distribuição geográfica: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Tocantins.
Figura 13. Tityus confluens
Tityus costatus
▶ Principais características: 5 a 7 cm de comprimento; colorido geral castanho amarelado com manchas nas pernas e palpos, as espécies encontradas na Região Sul apresentam uma coloração mais escura; presença de três faixas longitudinais na face dorsal do tronco e de um espinho sob o ferrão (figura 14).
▶ Distribuição geográfica: Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.
Figura 14. Tityus costatus
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Tityus fasciolatus
▶ Principais características: 4,5 a 7 cm de comprimento; colorido geral marrom-amarelado com três faixas longitudinais na face dorsal do tronco; manchas nas pernas e palpos; presença de um espinho sob o ferrão (figura 15).
▶ Distribuição geográfica: Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais.
Figura 15. Tityus fasciolatus
Tityus neglectus
▶ Principais características: 5,5 a 7,5 cm de comprimento; colorido geral marrom-amarelado, por vezes avermelhado; presença de um triângulo escuro na região anterior do prossoma; ausência de manchas nas pernas e palpos; presença de um espinho sob o ferrão (figura 16).
▶ Distribuição geográfica: Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Bahia e Alagoas.
Figura 16. Tityus neglectus
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Tityus mattogrossensis
▶ Principais características: 3 a 3,5 cm de comprimento; colorido geral castanho amarelado totalmente manchado no corpo, pernas e palpos; quarto e quinto segmentos caudais escurecidos em sua porção posterior; presença de um espinho sob o ferrão (figura 17).
▶ Distribuição geográfica: Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins.
Figura 17. Tityus mattogrossensis
1.3.2 Gênero Ananteris
Escorpião comum em todas as regiões do país, com representantes de várias espécies, sendo as principais
A. balzanii, A. franckei, A. mauryi e A. luciae (figura 18).
▶ Principais características: de 2 a 4 cm de comprimento; colorido geral marrom claro, por vezes avermelhado, com várias manchas por todo corpo, pernas e palpos; presença de um espinho sob o ferrão.
▶ Distribuição geográfica: Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, São Paulo, Tocantins, Bahia, Paraíba, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Amazonas e Maranhão.
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Figura 18. Ananteris balzanii
1.3.3 Gênero Rhopalurus
Rhopalurus agamemnon
▶ Principais características: de 10 a 11 cm de comprimento; colorido geral marrom-escuro, com as pernas amareladas e palpos amarelo-escuro; ausência de espinho sob o ferrão (figura 19).
▶ Distribuição geográfica: Goiás, Piauí, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Pernambuco, Tocantins, Maranhão,
Minas Gerais e Sergipe.
Figura 19. Rhopalurus agamemnon
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Rhopalurus rochai
▶ Principais características: de 6 a 8 cm de comprimento; colorido geral amarelo-palha, sem manchas;
presença de espinho sob o ferrão (figura 20).
▶ Distribuição geográfica: Ceará, Bahia, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas, Paraíba
e Sergipe.
Figura 20. Rhopalurus rochai
1.3.4 Gênero Bothriurus
Bothriurus araguayae
▶ Principais características: de 2,7 a 3,6 cm de comprimento; colorido geral marrom-claro com discretas manchas escuras; pernas amareladas, também com manchas; presença de grânulos formando um arco, nem sempre fechado, na face ventral posterior do 5o segmento caudal; ausência de espinho sob o ferrão.
▶ Distribuição geográfica: Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Bothriurus asper
▶ Principais características: 2 a 4 cm de comprimento; coloração marrom com uma faixa longitudinal amarela na região dorsal do tronco; ausência de espinho sob o ferrão (figura 21).
▶ Distribuição geográfica: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.
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Figura 21. Bothriurus sp.
1.3.5 Gênero Thestylus
Thestylus aurantiurus
▶ Principais características: de 3,5 a 4,5 cm de comprimento; colorido geral negro; ausência de grânulos formando o arco na face ventilar do 5o segmento caudal; ausência de espinho sob o ferrão
(figura 22).
▶ Distribuição geográfica: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo.
Figura 22. Thestylus aurantiurus
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1.3.6 Gênero Broteas
Broteas amazonicus
▶ Principais características: de 6 a 7 cm de comprimento; colorido geral marrom escuro com telson vemelho amarelado; ausência de espinho sob o ferrão (figura 23).
▶ Distribuição geográfica: Amazonas, Roraima e Rondônia.
Figura 23. Broteas sp.
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capítulo 2
Controle de escorpiões
2.1 Por que fazer o controle de escorpiões?
É necessário controlar as populações de escorpiões pelo risco que representam para a saúde humana, já que a erradicação dessas espécies não é possível e nem viável. No entanto, o controle pode diminuir o número de acidentes e, conseqüentemente, a morbi-mortalidade.
Algumas espécies de escorpiões são extremamente adaptadas a ambientes alterados pelo homem. Esses animais desempenham papel importante no equilíbrio ecológico como predadores de outros seres vivos, devendo ser preservados na natureza. Já nas áreas urbanas, medidas devem ser adotadas para que seja evitada a sua proliferação, por meio de ações de controle, captura (busca ativa) e manejo ambiental.
Desta maneira, identificar e conhecer a distribuição de escorpiões prevalentes permitirá planejar e dimensionar as estratégias mais adequadas de controle para uma determinada área. Dessa forma, é possível realizar o serviço de conscientização da população e prevenção dos acidentes por escorpião.
2.2 A quem compete fazer o controle?
De acordo com o inciso 10 do art. 3º da Portaria MS/GM nº 1.172, de 15 de junho de 2004, referente à organização do Sistema Único de Saúde (SUS) e às atribuições relacionadas à vigilância em saúde, compete ao município o registro, a captura, a apreensão e a eliminação de animais que representem risco à saúde do homem, cabendo ao estado a supervisão, acompanhamento e orientação dessas ações.
Portanto, os estados e municípios devem promover a organização de um programa de controle dos animais peçonhentos de importância em saúde, definindo as atribuições e responsabilidades dos setores que compreendem a vigilância em saúde, juntamente com o serviço de controle de zoonoses, núcleos de entomologia e outros centros de referência em animais peçonhentos.
A sensibilização de autoridades e gestores de saúde para a implementação de parcerias entre órgãos ligados à limpeza urbana, ao saneamento, às obras públicas e à educação, é imprescindível para a im24
• Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Manual de Controle de Escorpiões plementação das medidas de controle. Aliado a isso, ações continuadas de educação ambiental e em saúde garantem a perenidade das mudanças geradas a partir das medidas de controle, de maneira que estas sejam incorporadas no dia-a-dia da população.
2.3 Como organizar as atividades de controle de escorpiões?
A alta capacidade de infestação e proliferação das espécies de interesse em saúde pública deve levar ao desencadeamento de medidas de controle a partir da ocorrência ainda que de um único exemplar em áreas povoadas, principalmente se este for um escorpião invasor de áreas urbanas como, por exemplo, o T. serrulatus.
Fazer a distribuição espacial das ocorrências dos escorpiões no município é importante para planejar as intervenções, racionalizando custos, recursos humanos e tempo, garantindo maior eficácia nas ações de controle. Além disso, auxilia na delimitação de áreas infestadas a serem trabalhadas, o número de imóveis e o número de habitantes expostos ao risco de acidente (figura 24).
Figura 24. Mapeamento de áreas de risco no município de Bandeirantes/Paraná em ações de controle de escorpiões realizadas entre agosto e dezembro de 2006.
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Manual de Controle de Escorpiões
As ações de controle de escorpiões consistem em:
▶ Intervenção nas áreas de risco
As áreas de risco serão definidas por meio de:
1. Notificação de acidente;
2. Demanda espontânea da população.
▶ Identificação de áreas prioritárias
É feita por meio de levantamento, monitoramento e avaliação, com o mapeamento de áreas de maior concentração de ocorrência ou acidentes por escorpião, pesquisando informações provenientes de:
• Dados do Sinan: mapa de todos os acidentes causados por escorpiões, que foram notificados (via
Sinan), ano a ano;
• Registro de Ocorrência de Escorpiões em Residências ou Imóveis Limítrofes;
• Registros anteriores dos animais coletados e identificados: mapa de todos os imóveis com registro de escorpião coletado, identificados em gênero e/ou espécie, ano a ano; levantamento simultâneo de todos os endereços e localidades com a quantidade de animais capturados por imóvel.
Os registros gerados por todas as fontes de informação do município (Sinan e registros de ocorrência de escorpiões) devem ser marcados no mesmo mapa, de preferência de padrões diferentes para tipo de registro e ano.
Com base na avaliação da situação da ocorrência de escorpiões, a gerência do Serviço Municipal de Saúde de controle de acidentes por animais peçonhentos planejará as intervenções, a serem realizadas
como proposto adiante.
Essa situação também deverá ser apresentada aos segmentos da administração pública (prefeito, secretários municipais, etc.), principalmente aqueles diretamente relacionados às ações a serem efetuadas, tais como secretaria de obras, urbanismo, educação, agricultura, etc.
2.4 Quando desencadear uma ação de controle de escorpiões?
A intervenção para o controle de escorpiões consiste na busca ativa em todo e qualquer imóvel (área interna e externa) visando a captura de exemplares, conhecimento e manejo dos ambientes propícios à ocorrência e proliferação desses animais e conscientização da população.
Essa busca ativa deve ser desencadeada a partir das seguintes situações:
1. Notificação de acidente: deve desencadear visita domiciliar para busca ativa em 100% dos casos ocorridos em zona urbana;
2. Demanda espontânea da população levando em conta as áreas prioritárias;
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3. Identificação de áreas prioritárias : a busca ativa nesse caso deverá acontecer, no mínimo a cada seis meses.
Em ambas as situações, devem ser visitados além dos imóveis de ocorrência, os limítrofes (direita, esquerda e fundos) e em frente.
No caso de ocorrência em zona rural, deve-se estabelecer um raio de 100m para busca ativa.
2.5 Como proceder na busca ativa?
Havendo ocorrência de escorpiões, causador de acidente ou não, ou no monitoramento de áreas prioritárias, deve ser realizada a busca ativa.
Devido ao tipo de serviço que a busca ativa envolve – manipulação de entulho, material de construção, etc, esta não deve ser realizada por apenas um profissional, sendo necessário no mínimo dois.
Para realizar as atividades de busca ativa, os profissionais devem fazer uso dos equipamentos de segurança (EPI), conforme item 3.2 (figura 25).
Figura 25. Técnicos de saúde em campo, coletando escorpiões, e utilizando luvas com raspa de couro e pinça longa.
O registro de todas as atividades realizadas deve ser feito em instrumentos próprios para cada finalidade (anexos de II a IV).
O técnico de saúde deve solicitar o acompanhamento do responsável pelo imóvel durante a busca ativa para que ele seja conscientizado do problema e das medidas de prevenção.
Os locais escuros, úmidos e com pouco movimento, tanto na área externa como interna do imóvel, devem ser examinados com especial atenção.
1Áreas prioritárias são aquelas onde há um favorecimento ambiental para a proliferação de escorpiões, onde já tenha sido encontrado pelo menos um exemplar. Exemplos: cemitérios, margens de galerias pluviais, canais, linhas férreas, terrenos baldios, olarias, construções civis, armazéns, silos, áreas com esgoto a céu-aberto, etc.
a b c
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A busca ativa deverá ser realizada nas áreas interna e externa dos imóveis, principalmente nos seguintes
locais:
Área interna (figuras 26 e 27)
1. Assoalhos e rodapés soltos 7. Vigas e telhados em porões, sótãos e forros no teto
2. Ralos de cozinha, banheiros e área de serviço 8. Móveis, cortinas, estantes, quadros, lareiras
3. Frestas e vãos de paredes 9. Roupas e sapatos
4. Batentes de portas e de janelas 10. Objetos empilhados ou jogados
5. Caixas e pontos de energia 11. Armários sob pias ou gavetas
6. Sistema de refrigeração de ar 12. Panos de chão e toalhas penduradas
Figura 26. Locais de ocorrência provável de escorpiões, a serem observados durante a busca ativa em áreas internas.
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Figura 27. Áreas internas de imóveis propícias para a ocorrência de escorpiões.
Área externa (figura 28)
Locais com material de construção (pilhas de telhas e tijolos, blocos de cimento, entulho, pedras, amontoados de madeira, placas de concreto)
Lixo domiciliar
Troncos, galhos e folhas secas caídas
Objetos descartados, garrafas empilhadas
Frestas e vãos de muros, tanques, fornos de barro e barrancos, galpões, depósitos, viveiros de mudas e plantas
Caixas de gordura, canalizações de água, caixas de esgoto, de energia
Verificar atentamente onde há mato junto aos muros e nas camadas de materiais empilhados que ficam em contato com o solo.
a b c
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Figura 28. Áreas externas de imóveis propícios à ocorrência e proliferação de escorpiões com empilhamento de madeira, tijolos, telhas; terreno baldio e frestas em paredes e janelas.
Áreas públicas próximas ao imóvel, como margens de rios, córregos e riachos, galerias de águas pluviais, canais, e galerias de esgoto e bocas de lobo próximas aos imóveis também são focos de ocorrência de escorpiões. Contudo, é necessária a autorização prévia dos órgãos competentes e equipamentos de proteção adequados para a realização de atividades de controle nessas áreas.
Em caso de prédios, é necessário verificar todas as áreas comuns, principalmente: fosso do elevador, caixas de passagem e de gordura, caixas e pontos de energia, lixeiras e/ou fosso de lixo. Deve-se comu30
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nicar o condomínio dos prédios para conscientização dos moradores. O responsável pelo imóvel deve
ser orientado a entrar em contato com o serviço de controle caso encontre novos escorpiões no local.
2.6 O que fazer para controlar a ocorrência de escorpiões?
As medidas de controle e manejo populacional de escorpiões baseiam-se na retirada/coleta dos escorpiões e modificação das condições do ambiente a fim de torná-lo desfavorável à ocorrência, permanência
e proliferação destes animais.
Na área externa do domicílio
• Manter limpos quintais e jardins, não acumular folhas secas e lixo domiciliar;
• Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes apropriados e fechados,
e entregá-los para o serviço de coleta. Não jogar lixo em terrenos baldios;
• Limpar terrenos baldios situados a cerca de dois metros (aceiro) das redondezas dos imóveis;
• Eliminar fontes de alimento para os escorpiões: baratas, aranhas, grilos e outros pequenos animais invertebrados;
• Evitar a formação de ambientes favoráveis ao abrigo de escorpiões, como obras de construção civil e terraplenagens que possam deixar entulho, superfícies sem revestimento, umidade etc;
• Remover periodicamente materiais de construção e lenha armazenados, evitando o acúmulo exagerado;
• Preservar os inimigos naturais dos escorpiões, especialmente aves de hábitos noturnos (corujas, joão-bobo, etc.), pequenos macacos, quati, lagartos, sapos e gansos (galinhas não são eficazes agentes controladores de escorpiões);
• Evitar queimadas em terrenos baldios, pois desalojam os escorpiões;
• Remover folhagens, arbustos e trepadeiras junto às paredes externas e muros;
• Manter fossas sépticas bem vedadas, para evitar a passagem de baratas e escorpiões;
• Rebocar paredes externas e muros para que não apresentem vãos ou frestas.
Na área interna
• Rebocar paredes para que não apresentem vãos ou frestas;
• Vedar soleiras de portas com rolos de areia ou rodos de borracha;
• Reparar rodapés soltos e colocar telas nas janelas;
• Telar as aberturas dos ralos, pias ou tanques;
• Telar aberturas de ventilação de porões e manter assoalhos calafetados;
• Manter todos os pontos de energia e telefone devidamente vedados.
Observação: em áreas rurais, a preparação do solo para plantio pode promover o desalojamento de escorpiões de seu habitat natural (barranco, cupinzeiros, troncos de árvores abandonadas por longos períodos).
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Verificação em cemitérios
Por oferecer abrigo e alimento em abundância, os cemitérios constituem excelentes locais para a proliferação e permanência dos escorpiões (figura 29). As ações de controle nesses ambientes são necessárias e visam evitar a infestação dos imóveis das áreas de seu entorno.
Figura 29. Túmulos mal conservados, propícios para proliferação de escorpiões.
Atividades de controle em cemitérios
• Realizar levantamento dos túmulos mal-conservados e comunicar a gerência do cemitério para providenciar a vedação adequada dos mesmos;
• Inspecionar objetos e outros materiais que sirvam de abrigo para escorpiões como: material de construção, lixo, folhas secas, troncos e galhos caídos, objetos descartados, garrafas, vasos, etc.;
• Examinar galpões e depósitos;
• Solicitar a remoção de restos de material de construção fora de uso e outros que sirvam de abrigo de escorpiões;
• Examinar frestas, vãos dos muros, canaletas de escoamento de água de chuva.
Não se deve, em hipótese alguma, violar túmulos para realizar captura de escorpiões, pois constitui crime previsto no Código Penal Brasileiro (Título V, capítulo II, Artigo 210).
A confecção de croqui contendo divisão das quadras, número de jazigos por quadra, setorização da área por agente, permitirá dimensionar o número de recursos humanos necessários para realização das atividades e melhor organização do trabalho.
Caso não seja possível realizar a busca ativa e a captura semanal, recomenda-se capacitar e equipar os funcionários do cemitério, afim de que essas atividades sejam realizadas rotineiramente.
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2.7 Como monitorar e avaliar as ações de controle?
Para monitorar e avaliar a eficiência das ações de controle é necessário construir indicadores que permitam estabelecer o nível de infestação domiciliar e a intensidade dessa infestação. Esses indicadores devem ser construídos a partir do levantamento de dados obtidos nas visitas domiciliares de busca ativa de escorpiões ou inquéritos sobre a ocorrência de escorpiões, com a participação de outros profissionais, como agentes comunitários de saúde e/ou agentes de endemias.
2.7.1 Infestação domiciliar
É definida como a presença de escorpião de interesse em saúde, ou vestígios de sua presença como sua exúvia, detectada durante a realização da visita. Pode ser referida a qualquer local em relação ao total de unidades investigadas por vigilância.
O parâmetro a ser utilizado é a unidade domiciliar (UD), constituída pela habitação humana, seus anexos e espaço próximo à habitação.
Índice de Infestação Domiciliar = nº de UD positivas x 100
nº de UD pesquisadas ou sob vigilância
A positividade na UD é dada pela presença de exemplares vivos ou mortos de escorpiões, ou vestígios de sua presença (exúvia). É também considerada UD positiva aquela em que o morador estiver de posse do escorpião.
O grau de infestação domiciliar representa a proporção de unidades domiliciares nas quais foram encontrados escorpiões em relação às unidades domiciliares visitadas.
De acordo com a proporção de unidades domiciliares positivas, são estabelecidos os níveis de infestação domiciliar, devendo o monitoramento ser feito com o objetivo de reduzir em, pelo menos, um nível o índice obtido.
Tabela 1. Classificação dos níveis de infestação/dispersão
Níveis (%) Classificação
> 50 Altíssima
26 – 50 Alta
1 – 25 Média
zero Baixa
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Manual de Controle de Escorpiões
2.7.2 Intensidade de infestação
Avalia a quantidade de escorpiões encontrada em um conjunto de unidades domiciliares positivas. Índice de Intensidade de Infestação = nº de escorpiões encontrados
nº de UDs positivas
São contabilizados os escorpiões, ou suas exúvias, coletados pelo técnico de saúde durante a busca ativa, ou no caso do escorpião estar de posse do morador.
Exemplo 1 (figura 30)
No município de São Miguel uma chamada telefônica em um bairro da periferia deslocou a equipe para visita. A casa do morador solicitante (H) tem, como limítrofes, casas residenciais de ambos os lados, porém o fundo faz limite com um terreno aberto; na frente (do outro lado da rua) há uma escola.
Figura 30. Planejamento de visita e busca ativa a partir de solicitação para controle de escorpiões.
Etapa 1. Visita ao domicilio e limítrofes
Ao todo, foram visitadas, além da unidade domiciliar do solicitante [1], as que fazem limite à direita
[2] e à esquerda [3], e aquela de frente do outro lado da rua [4], além do terreno que fica aos fundos
34 • Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Manual de Controle de Escorpiões da casa solicitante [5]. A área demarcada em branco indica o espaço territorial inspecionado na busca ativa de escorpiões, tanto no intra como peridomicílio.
O morador solicitante havia coletado um escorpião próximo ao ralo da área de serviço, que foi entregue morto ao técnico de saúde, acondicionado em recipiente plástico com um pouco de álcool. A
investigação resultou no encontro de mais um exemplar na casa do próprio solicitante.
Etapa 2. Cálculo dos indicadores na 1ª visita
Infestação Domiciliar = 1 casa com escorpiões x 100 = 20%
5 casas visitadas
Intensidade de Infestação = 2 escorpiões encontrados = 2
1 casa em que foi encontrado
Etapa 3. Avaliação e encaminhamentos
Considerou assim uma área de média infestação e as orientações para se evitar a presença de escorpiões foram repassadas para o morador.
Etapa 4. Revisita
Quatro meses após, a equipe da secretaria municipal de saúde foi novamente chamada, desta vez pelo morador da casa vizinha à esquerda [3], devido ao encontro de mais seis escorpiões em interior da residência. Voltando ao local após a segunda solicitação, constatou-se que, além dos seis escorpiões capturados, outros quatro haviam sido coletados no terreno localizado nos fundos da casa, cuja limpeza não incluiu a remoção de entulho.
Etapa 5. Cálculo de indicadores na 2ª visita
Infestação Domiciliar = 2 casas com escorpiões x 100 = 40%
5 casas visitadas
Intensidade de Infestação = 10 escorpiões encontrados = 5
2 casas em que escorpiões foram encontrados
Etapa 6. Reavaliação
Ao contrário do que se esperava, o nível de infestação domiciliar aumentou, bem como a sua intensidade.
A área visitada, que antes havia sido considerada como de média infestação, passou a ser de alta
infestação, de 25 para 40%, aumentando em três pontos a sua intensidade, de 2 para 5.
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Etapa 7. Encaminhamentos
Após nova orientação aos moradores das casas, buscou-se identificar o proprietário do terreno sendo
uma notificação enviada pela secretaria de infra-estrutura do município para o mesmo procedesse
à limpeza do terreno.
Exemplo 2 (figura 31)
Em um aglomerado da cidade de Nova Limeira, dois acidentes por escorpião foram registrados no
Sinan em um mês. A visita ao local dos acidentes ocorreu três semanas após a inclusão dos dados no sistema.
As informações são repassadas semanalmente pela equipe de vigilância responsável pelo agravo.
Figura 31. Planejamento de busca ativa a partir de acidentes
por escorpiões.
Etapa 1. Visita ao domicílio e limítrofes
No caso A ( área demarcada em vermelho): foram encontrados dois escorpiões na parede externa,
em frestas de madeira, da casa onde o acidente havia ocorrido (1). A inspeção na área resultou na
coleta de outros cinco escorpiões, dois na casa em frente (7) e três na casa limítrofe à direita (2).
No caso B ( área demarcada em verde): dez escorpiões foram coletados de um buraco na parede
de alvenaria, onde baratas também se encontravam alojadas. Todos foram retirados do terreno em
frente (7) da casa onde o acidente ocorreu.
36 • Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
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Etapa 2. Cálculo de indicadores
Área A:
Infestação Domiciliar área 1 = 3 casas com escorpiões encontrados x 100 = 43%
7 casas visitadas
Intensidade de Infestação área 1 = 7 escorpiões encontrados = 2,3
3 casas onde escorpiões foram encontrados
Área B:
Infestação Domiciliar área B = 2* x 100 = 28,5%
7
Intensidade de Infestação área B = 10 = 5,3
2*
*Duas unidades domiciliares (uma referente ao local do acidente e outra ao do encontro de escorpiões).
Para fins de cálculo dos indicadores, considerar o terreno como uma unidade domiciliar.
Etapa 3. Avaliação e encaminhamento
A área A apresenta uma maior expansão na ocorrência de escorpiões, traduzida pelo índice de infestação mais elevado. Por outro lado, a concentração na área B propicia um maior risco de acidentes.
Ambas devem ser trabalhadas no sentido de reduzir os indicadores.
2.8 Controle químico funciona?
Não, o hábito dos escorpiões de se abrigarem em frestas de paredes, embaixo de caixas, papelões, pilhas de tijolos, telhas, madeiras, em fendas e rachaduras do solo, juntamente com sua capacidade de permanecer meses sem se movimentar, torna o tratamento químico ineficaz.
O que também torna os escorpiões resistentes aos venenos é o fato de possuírem o hábito de permanecer em longos períodos em abrigos naturais ou artificiais que impedem que o inseticida entre em contato com o escorpião. Além disso, possuem capacidade de permanecer com seus estigmas pulmonares fechados por um longo período. A aplicação de produtos químicos de higienização doméstico compostos por formaldeídos, cresóis e paracloro-benzenos e de produtos utilizados como inseticidas, raticidas, mata-baratas ou repelentes do grupo dos piretróides e organofosforados não são indicados
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Manual de Controle de Escorpiões
por causarem o desalojamento dos escorpiões para locais não expostos à ação desses produtos, aumentando o risco de acidentes. Além disso, cria-se a falsa sensação de proteção por parte dos moradores que acreditam que o problema foi resolvido, passando a negligenciar o trato com o ambiente. Até o presente momento não foi definida cientificamente a eficácia dos produtos químicos no controle escorpiônico em ambiente natural. Invariavelmente, por ocasião do lançamento de novos produtos no mercado, a indicação de seu uso não vem respaldada por experimentos confiáveis. Ilustrando o exposto podemos citar a ausência quase absoluta, de registros de rótulo dos produtos no mercado nacional e internacional para tal finalidade.
No caso da necessidade de controlar baratas em locais com presença de escorpiões, recomenda-se o uso de formulações tipo gel ou pó. Esta atividade deve ser executada somente por profissionais de empresas especializadas.
Em áreas avaliadas como prioritárias, é importante lembrar que a aplicação de inseticidas para controle de outros agravos (dengue, malária, leishmaniose, chagas, etc.) poderá aumentar a probabilidade de acidente por escorpião devido ao efeito irritante desses produtos que provoca desalojamento, eliminação de fonte de alimento e predadores. Por isso, é necessário que a população desses locais seja devidamente conscientizada quanto às medidas de prevenção de acidentes, previamente à aplicação destes produtos.
importante: O agente de saúde não deve realizar nem recomendar ao proprietário do imóvel a aplicação de produtos químicos.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS • 39
Manual de Controle de Escorpiões
CAPÍTULO 3
CAPTURA DE ESCORPIÕES
3.1 Legislação vigente
A coleta e criação de animais silvestres são regulamentadas pelo Estado, devendo ser autorizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama):
Art. 1º Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedade do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha.
(BRASIL, 1967)
O manejo de escorpiões exige uma série de cuidados, não só com o ambiente em que vivem, mas também no manuseio, que deve ser feito por profissional com experiência. No caso de manutenção em cativeiro com fins científicos, todas as normas dispostas na Portaria Ibama nº 016, de 4 de março de 1994, devem ser seguidas, de forma a preservar a saúde dos animais e do homem.
Assim como a criação em cativeiro, a captura, a coleta e o transporte de material zoológico também são regulamentados, sendo de competência do Ibama, conforme Portaria nº 332/90 e Instrução Normativa 109/97. Por isso somente seus técnicos ou profissionais autorizados e licenciados são habilitados a coletar os escorpiões.
Os animais capturados devem ser enviados para instituições de pesquisa como universidades, zoológicos ou institutos que produzem soro, pois representam importante material científico e para produção dos antivenenos:
Observada a legislação e as demais regulamentações vigentes, são espécies passíveis de controle por órgãos de governo da Saúde, da Agricultura e do Meio Ambiente, sem a necessidade de autorização por parte do Ibama (...): (...) artrópodes peçonhentos e invertebrados (...).
(BRASIL, 2006)
Ou seja, havendo programas específicos dos referidos órgãos para controle de escorpiões e comprovação da importância da coleta e da participação do coletor no programa, é autorizada a coleta. Nesse caso, estão incluídos os Centros de Controle de Zoonoses, órgãos municipais responsáveis pelo controle de agravos e doenças transmitidas por animais (zoonoses).
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Animais silvestres, entre os quais se incluem os escorpiões, têm sido alvo de biopirataria e tráfico constante. Uma vez capturados, têm sido mantidos ilegalmente em cativeiro com fins comerciais, seja
para obtenção do veneno, seja para venda e manutenção como animais de estimação. No caso de detecção de venda destes animais sem a devida autorização, o Ibama deve ser notificado por meio da Linha
Verde: 0800 61 8080.
3.2 Como capturar escorpiões com segurança?
Quando devidamente habilitado, o profissional pode coletar o escorpião com o auxílio de alguns equipamentos. O uso de equipamentos de proteção individual (EPI) é obrigatório durante as atividades de vistoria e captura de escorpiões.
Os materiais para a realização das atividades de campo incluem:
• Bota ou sapato fechados;
• Calça comprida (colocar a boca da calça para dentro da meia);
• Camisa de manga curta ou longa com pulso justo;
• Luvas de “vaqueta” (luva de eletricista) ou raspa de couro;
• Pinça anatômica de aço inoxidável com aproximadamente 20 cm (a pinça de bambu pode ser uma alternativa);
• Boné ou chapéu (cabelos longos devem ser mantidos presos);
• Crachá com identificação do agente;
• Recipiente transparente, preferencialmente de plástico (ex.: coletor universal), com boca larga e tampa rosqueada;
• Para manter os escorpiões vivos, pote com tampa perfurada e algodão umedecido com água;
• Álcool etílico (70%) para fixação e conservação dos animais;
• Prancheta, caneta e lápis;
• Boletins de campo (sugestões em anexo);
• Etiqueta adesiva ou fita crepe para identificação dos recipientes;
• Lanterna com pilhas;
• Material educativo contendo as medidas de prevenção de acidentes e manejo ambiental;
• Bolsa de lona ou similar para transporte dos materiais.
Em locais propícios à presença de roedores silvestres associados ao hantavírus, utilizar máscara descartável P3 contra inalação de poeira.
Os escorpiões devem ser apreendidos, com pinça adequada, pelo metassoma (cauda) e colocado em um recipiente que deverá ser mantido em local protegido do sol e da chuva. É importante providenciar seu transporte para um dos locais de recepção. Devem ser mantidos em locais onde as crianças ou pessoas curiosas não tenham acesso.
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3.3 Que destino dar aos escorpiões capturados?
Durante as atividades de controle e manejo populacional de escorpiões, os exemplares coletados nos imóveis vistoriados podem ter diferentes destinos.
Animais mortos
O destino dos escorpiões mortos pode ser:
1. Coleção didática: exemplares representativos da região, identificados pelo local e data de coleta ou captura e acondicionados em vidros com álcool, constituem ferramenta útil para orientar a população quanto ao reconhecimento dos animais;
2. Identificação de espécies: exemplares de ocorrência não registrada para a região, ou que suscitem dúvidas em sua identificação devem ser enviados a um serviço de referência para confirmação;
3. Descarte: exemplares não utilizados nas situações acima, que apresentem mau estado de conservação devem ser desprezados seguindo regras para descarte de material biológico.
Os animais capturados devem ser acondicionados em frascos com álcool com identificação preenchida a lápis, dentro do frasco, conforme etiqueta abaixo:
Nº Ficha ____________________ Data de coleta ______/______/________
Nome do coletor _________________________________________________________________________
Local de coleta (endereço) _________________________________________________________________
Bairro _____________________________ Município _________________________________ UF _______
O nº da ficha refere-se ao mesmo número da ficha de busca ativa de escorpiões; a data é a data da coleta; o nome é o do coletor; o local refere-se ao logradouro onde ocorreu a coleta do escorpião, bem
como o município e a UF.
Animais vivos
O destino dos escorpiões vivos pode ser:
1. Identificação de espécies: exemplares de ocorrência não registrada para a região, ou que suscitem
dúvidas em sua identificação devem ser enviados a um serviço de referência para confirmação;
2. Produção de soros: desde que em segurança, os animais podem ser encaminhados para os laboratórios produtores de soro antiescorpiônico e antiaracnídico.
Recomenda-se que a identificação de uma espécie não autóctone seja informada imediatamente aos diferentes níveis hierárquicos, para o monitoramento da área e eventuais medidas de controle adicionais.
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3.4 Como transportar escorpiões com segurança?
Os animais coletados pela população ou capturados durante a visita devem ser acondicionados em potes individuais para cada imóvel, e identificados com numeração relativa ao respectivo Boletim de Busca Ativa.
O transporte de animais vivos é uma operação que exige cuidado pelo risco de acidente. As embalagens deverão estar firmes e rotuladas com avisos bem visíveis, alertando sobre a natureza do material transportado. Folhas secas ou bolas de papel não devem ser usadas como substrato por aumentar o risco de acidente durante o manuseio.
Os animais não devem nunca ser acomodados em recipientes de papel/papelão pois, se este material molhar, pode se rasgar e/ou desmanchar e os escorpiões escaparem. Os escorpiões podem ser acomodados em caixas de plástico, com superfície lisa para não subirem e com tampa furada. As dimensões podem variar conforme a quantidade de animais. Para 30 animais, são recomendadas caixas de 22 x 12 x14 cm; para mais de cem animais as caixas podem ser de 40 x 25 x 35 cm (figura 32). Dentro delas deve ser colocado algodão, papel, ou pedaço de pano/gaze, umedecido com água, fixado com fita adesiva ao fundo da caixa para evitar o choque entre os animais durante o transporte.
Figura 32. Caixas de plástico com furos na tampa para transporte de escorpiões vivos. Para aumentar a capacidade do recipiente, e evitar o choque entre os animais ou mesmo contra as paredes do reservatório durante o transporte, recomenda-se colocar bandejas de ovos sobrepostas, o que evita inclusive o canibalismo. Pedaços de papelão ou tubos de papel higiênico e papel toalha também podem ser utilizados. Este tipo de substrato facilita a visualização dos escorpiões e reduz o risco de acidentes ao manuseá-los.
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Para um armazenamento e transporte mais adequado, podem ser confeccionadas caixas de vidro (40/25/30 cm) que devem ser acomodadas em uma caixa de isopor para isolamento térmico, para ser utilizada em casos de viagens longas e muito quentes. Internamente, o procedimento é igual às caixas de plástico. Nestas caixas, podem ser acomodados até cerca de 400 animais vivos (figura 33).
Figura 33. Seqüência de organização de caixa de vidro e isopor para transporte de escorpiões vivos.
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CAPÍTULO 4
SISTEMA DE INFORMAÇÃO
4.1 Como coletar a informação?
Para cada etapa da atividade são necessários instrumentos para coleta e consolidação dos dados que contenham elementos específicos para cada atividade e nível hierárquico, seguindo os modelos propostos abaixo:
Registro de Ocorrência de Escorpiões (Anexo B)
Destinado aos serviços municipais encarregados da execução das visitas domiciliares. Este registro visa constituir uma relação contendo as demandas geradas, seja por acidente ou reclamação, durante um determinado período. Deste modo, o planejamento das ações poderá ser feito de acordo com as prioridades estabelecidas pelo serviço, tais como a concentração de solicitações em um curto período de tempo numa mesma localidade ou bairro.
A identificação dos locais, por meio de mapeamento, facilita a definição das áreas prioritárias a serem visitadas.
Ficha de Busca Ativa de Escorpiões (Anexo C)
A partir dos pontos prioritários, determinados no registro de ocorrência, o serviço de saúde encarregado de realizar o controle de escorpiões no âmbito municipal vai a campo para a visita. Encontrando o morador do domicílio ou o responsável pelo imóvel que solicitou a ação, é aplicado um questionário para se conhecer as condições de habitação e uso do imóvel.
A verificação das áreas internas e externas é realizada a seguir; internamente, devem ser inspecionados todos os cômodos, com ênfase nos locais determinados em um roteiro pré-estabelecido (figuras 26 e 27). As impressões sobre a visita devem ser registradas, bem como o encontro de animais vivos ou mortos. A ficha deve ser preenchida em duas vias, uma para o proprietário ou responsável pelo imóvel e a outra para o setor responsável pelo controle.
A consolidação dos dados referentes às atividades de captura de escorpiões e levantamento sobre o local se fará por meio da alimentação de uma base de dados em meio eletrônico. Uma planilha eletrônica contendo as informações pertinentes para o nível regional e referência será gerada a partir da digitação das fichas individuais de busca ativa.
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Comunicado de Visita (Anexo D)
Caso o proprietário ou responsável pelo imóvel esteja ausente no momento da visita, inviabilizando assim a realização da ação de controle, um comunicado de visita será preenchido e colocado à vista do solicitante para ciência do ocorrido. Deve ser destacado e depositado em local acessível (na caixa do correio ou sob a porta), mantendo-se o canhoto em poder do serviço responsável pela visita. No registro de ocorrência de escorpiões um reagendamento deverá ser feito, levando em conta a organização do serviço e a disponibilidade dos técnicos para o retorno do local.
Boletim de Encaminhamento de Escorpiões (Anexo E)
Registra os dados referentes aos animais coletados por ocasião da visita e destinados ao laboratório de referência para a identificação. No preenchimento dos campos essenciais devem constar o número da ficha de busca ativa de escorpiões, o número de escorpiões coletados durante a busca ativa que gerou a visita, o bairro onde foi realizada a coleta e a data da coleta. Uma planilha contendo os campos essenciais deve ser organizada para preenchimento do último campo (Identificação) pelo laboratório de referência quando do retorno das informações.
Consolidado de Atividades de Controle de Escorpiões (Anexo F)
Registra todos os dados referentes às atividades de controle de escorpiões desempenhadas no
trimestre.
4.2 Como deve ser o fluxo de informações?
O fluxo de informações deve ter periodicidade trimestral, a partir dos centros que realizam as ações de controle e manejo de populações de escorpiões até o nível federal.
Este fluxo é organizado em duas partes: o fluxo de informações e o fluxo de encaminhamento de animais, tanto para identificação, como para registro de ocorrência.
O fluxo de informações (figura 34) deverá ocorrer conforme descrito a seguir:
1. O setor da Secretaria Municipal de Saúde responsável pela vigilância e controle de animais peçonhentos deverá encaminhar cópias do anexo I à Regional de Saúde, de preferência por via eletrônica, contendo o consolidado das ações de controle de escorpiões realizadas no trimestre (anexo VI), ou conforme demanda;
2. A Regional de Saúde deve então consolidar as informações dos municípios e repassá-las ao nível central da Secretaria de Estado da Saúde em planilha semelhante;
3. Da mesma forma, a Secretaria de Estado da Saúde deve consolidar os dados referentes ao estado e repassar à gerência do programa de vigilância de acidentes por animais peçonhentos do Ministério da Saúde em uma planilha com a mesma estrutura dos demais níveis.
O fluxo de animais deverá ocorrer conforme detalhado no capítulo 4, item 4.3 deste manual.
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Notificação de ocorrência
Acidente de escorpião
Regional de Saúde
Análise e divulgação das informações para órgãos de interesse 
Coleta e captura
Núcleos de Entomologia Secretaria Estadual de Saúde
Aracnologia Estadual
Secretaria de Vigilância em Saúde
Ministério da Saúde
Supervisão de atividades
de identificação – nacionais
Laboratórios produtores
Coleções científicas
Material didático
Visita técnica Secretaria Municipal de Saúde
Informação
Escorpiões capturados
Figura 34. Fluxograma do sistema de controle de escorpiões.
4.3 Como envolver a comunidade nas ações de controle?
As ações de educação em saúde e educação ambiental devem ser realizadas durante todo o ano, principalmente nas áreas avaliadas como prioritárias. A parceria com a Secretaria de Educação é fundamental para a conscientização das medidas de prevenção de acidentes por escorpiões e seu controle, e inserção deste tema no conteúdo dos diversos níveis escolares. Isso pode ser feito de maneira mais eficiente por meio da capacitação de professores, de áreas relacionadas, de escolas sobre a biologia, ecologia, manejo, prevenção, e controle de escorpiões.
Para o sucesso das ações de controle, é imprescindível que a comunidade seja informada das atividades a serem desenvolvidas e que participe ativamente, colaborando para modificar as condições de proliferação de escorpiões. Utilizar os meios de comunicação (rádio, televisão, jornal) é uma eficiente estratégia
para conseguir a sensibilização e mobilizar a população a participar ativamente nas ações de controle.
Ações educativas em relação ao risco de acidentes, primeiros socorros e medidas de controle individual e ambiental fazem parte das atividades a serem desenvolvidas durante as visitas. Na medida do possível, o envolvimento de diversos outros níveis como escolas, igrejas e outras associações comunitárias, para a realização de atividades de educação ambiental e conscientização pode melhorar o alcance dessas ações (figura 35).
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Manual de Controle de Escorpiões
Figura 35. Ações de educação em saúde, incluindo exposição de cartazes, folhetos e animais, maquete de ambiente propício à ocorrência de escorpiões. Feira de saúde no município de Bandeirantes/Paraná, 2007.
4.4 Crendices e perguntas freqüentes
O escorpião ataca?
Não, o escorpião se defende. Ferroa apenas quando é molestado, para se defender, ou seja, quando alguém coloca a mão ou encosta-se nele intencionalmente ou sem perceber.
Se eu encontrar um escorpião na minha casa significa que encontrarei outros?
Provavelmente sim, mas não é obrigatório, pois nem sempre vivem em grupos. São animais solitários, porém em áreas urbanas concentram-se em locais de fácil acesso à comida e ao abrigo.
Os escorpiões formam ninhos?
Não, mas existem locais, principalmente em áreas urbanas, que favorecem o seu aparecimento em maior quantidade. Por outro lado, deslocam-se o tempo inteiro, sem necessariamente retornar ao mesmo local.
O escorpião sobe no vidro?
Não, os escorpiões não sobem em superfícies totalmente lisas.
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Se um escorpião perder uma parte de seu corpo (pernas, cauda), ele consegue se regenerar?
Não, somente alguns exemplares, quando muito jovens, regeneram parte das pernas. Na fase adulta, não trocam mais de pele, portanto não conseguem regenerar partes perdidas. No caso de perda da cauda,
o animal morre por perda de hemolinfa ou por obstrução do seu intestino que termina no final da cauda. O telson não é um órgão vital para o escorpião mas a morte por falta de alimento pode ocorrer nas espécies que dependem do veneno para paralisar a presa.
O escorpião, quando colocado em uma roda de fogo, comete suicídio?
Não. Na realidade, o escorpião morre desidratado pela ação do calor intenso. Os movimentos que simulam uma ferroada nada mais são que reação de defesa a um agressor, no caso, o fogo.
Todo escorpião é venenoso?
Sim, todos os escorpiões possuem veneno e a capacidade de injetar este veneno. A diferença entre as espécies perigosas e não perigosas está na ação deste veneno no homem.
O escorpião sempre usa o veneno para se alimentar?
Não, o escorpião só utiliza o veneno para se alimentar quando a presa é muito grande e precisa ser imobilizada. Nesse caso, a quantidade de veneno injetada é controlada de acordo com o tamanho das presas.
O escorpião usa todo o seu veneno numa única picada?
Ele nunca utiliza todo seu veneno em uma única picada e pode causar um segundo acidente imediatamente após o primeiro. Pode também picar e não inocular veneno, causando um acidente assintomático
ou “picada seca”.
Do que depende a toxicidade do veneno de escorpião?
A toxicidade do veneno é diferente para cada espécie de escorpião, podendo variar dentro de uma mesma espécie. Acredita-se que as diferenças estejam relacionadas: à distribuição geográfica dos animais e às condições ambientais que determinam um tipo específico de alimentação, variações genéticas ou simplesmente variações fisiológicas entre espécimes.
Figura 35. Freqüência comparativa dos acidentes por animais peçonhentos. Brasil, 2001 a 2006.
Esse aumento reflete os altos índices de infestação por escorpiões, originado pelo encontro de condições favoráveis para que espécies se domiciliem com facilidade em regiões densamente povoadas.
Praticamente 70% dos casos ocorrem em zona urbana, no intra ou peridomicílio, com distribuição sazonal nos estados do Sul e Sudeste nos meses quentes e chuvosos, porém praticamente uniforme ao
longo do ano no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Apresenta incidência crescente com a idade e ligeiro predomínio de casos em indivíduos do sexo masculino (figura 36), sendo os menores de 14 anos o grupo etário mais vulnerável ao óbito (figura 37).
5.2 Como ocorre o acidente?
Todas as espécies de escorpiões possuem veneno e podem injetá-lo para capturar suas presas, através
do ferrão localizado na extremidade do telson. Os escorpiões não atacam o homem intencionalmente, e o acidente geralmente ocorre no momento em que o indivíduo encosta a mão, o pé ou outra parte do corpo no animal.
O ambiente natural modificado pelo desmatamento e pela ocupação do homem causa uma quebra na cadeia alimentar, acabando também com seus locais de abrigo. Com a escassez de alimento, esses animais passam a procurar alimento e abrigo em residências, terrenos baldios e áreas de construção. Locais onde há acúmulo de matéria orgânica, entulhos, lixos, depósitos e armazéns atraem baratas (Periplaneta americana, e outras espécies) pela disponibilidade de alimento e umidade. Os escorpiões têm por alimento principal as baratas, e se deslocam aos lugares onde há abundância deste alimento.
Por isso os escorpiões ocorrem com tanta freqüência dentro das residências. Comumente os locais onde há proliferação intensa de escorpiões possuem um histórico de presença abundante de baratas.
Os grupos mais expostos são os de pessoas que atuam na construção civil, assim como crianças e donas de casa que permanecem o maior período no intra ou peri-domicílio. Ainda nas áreas urbanas, são sujeitos os trabalhadores de madeireiras, transportadoras e distribuidoras de hortifrutigranjeiros, por manusear objetos e alimentos onde podem estar alojados (escondidos) os escorpiões.
Os escorpiões procuram alimento durante a noite, podendo entrar nas residências através de tubulações para fiação e encanamentos de esgoto, além de frestas de paredes, portas e janelas. Podem esconder-se da claridade do dia em lugares escuros e escondidos como dentro de calçados, armários, gavetas, panos e toalhas em áreas de serviço e banheiros.
5.3 O que ocorre quando alguém é picado por um escorpião?
O veneno escorpiônico, ao estimular terminações nervosas sensitivas, motoras e do sistema nervoso autônomo, pode provocar efeitos que podem surgir na região da picada e/ou a distância.
Quadro clínico local
Caracteriza-se por dor de intensidade variável, com sinais inflamatórios pouco evidentes, sendo incomum a visualização da marca do ferrão. De evolução benigna na maioria dos casos, tem duração de algumas horas e não requer soroterapia. Representa a grande parte dos acidentes escorpiônicos, principalmente em adultos.
Quadro clínico sistêmico
Por outro lado, é o desbalanço entre os sistemas nervosos simpático e parassimpático o responsável pelas formas graves do escorpionismo que se manifestam inicialmente com sudorese profusa, agitação psicomotora, hipertensão e taquicardia. Podem se seguir alternadamente com manifestações de excitação vagal ou colinérgica, nos quais sonolência, náuseas e vômitos constituem sinais premonitórios de evolução para gravidade e conseqüente indicação de soroterapia.

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